Filhos? Não obrigado!

Não sei dizer se sempre tive esta opinião mas lembro que com 10 para 11 ou 12 anos eu já tinha decidido que não queria filhos, a ideia de ser chamado do “pai” já me causava desconforto ao longo dos anos e até hoje com a idade que estou a minha posição continua a mesma.

Vejo muita cobrança com as mulheres que decidiram não terem filhos, parece que há uma obrigação social/religiosa em criar família de humanos, a mulher que prefere animais de estimação a filhos não é errada da mesma forma o contrário, errado é o julgamento e cobrança por algo particular alheio.

Por um período eu me rendi e quis ter filho(a), durou um tempo relativamente longo mas depois voltei ao meu normal e agradeci por não ter dado certo, se tivesse, hoje estaria com 9 anos. Não me arrependo de não ter tido, a situação foi estranha, ruim, uma única vez senti o peso de “ser pai” mas foi rápido, depois a situação foi esquecida com o tempo.

Acredito que vim ao mundo para ficar comigo mesmo, entendo o peso de se sentir solitário mas não me vejo com um descendente, já tenho uma sobrinha por parte da irmã e está ótimo, o sangue continuará por mais um geração (até porque ela tem meu gênio também) e não sinto necessidades de ter um “só meu”.

As pessoas romantizam quase tudo e este é o maior problema, romantizar uma família, emprego, dureza da vida, alguém é dar um tiro em si mesmo e esperar que nada aconteça. O mundo mudou, as pessoas mudaram, tudo que era padronizado até certa década acabou, a minha geração gerou filhos inúteis, cheios de preguiças, os famosos “haters” são filhos da minha geração que acham que sabem mais que seus pais, ridicularizam os mais velhos, não respeitam ninguém e se acham os maiorais. Deixa eu com a minha forma de pensar que é melhor.

Acredito que daqui uns anos a quantidade de crianças nascidas será cada vez menor até chegar ao ponto de passar meses ou até anos sem nascimento, é normal, as pessoas estão cada vez mais conectadas com os animais, natureza, consigo mesma e não haverá sentido em ter um novo ser entre duas ou somente uma pessoa. Outro motivo também é esta geração não gostar tanto de sexo quanto a minha ainda gosta, eles preferem mandar fotos de suas partes intimas do que sentir prazer numa relação sexual verdadeira. Vai entender.

Mundo hospício

Essa semana joguei fora uma amizade de mais de 20 anos, uma amiga que acreditava ser minha amiga mas que tirou a máscara e mostrou quem realmente é. No momento que estava respondendo ela já sabia que eu iria chutar o balde, minha paciência tem limites. O motivo foi um tablet da Samsung todo fodido que não liga e se você achasse ele no lixo teria nojo de colocar as mãos. Quando ela trouxe eu disse que não sabia mexer, que era para ela levar de volta mas ela insistiu que eu tentasse e deixou comigo. Dias depois ela queria pegar, mas não tinha como pegar e a coisa foi ladeira abaixo. Em outra ocasião ela disse que o tablet era lixo, que se eu quisesse poderia fica com ele (que neguei a oferta), depois ela disse que o tablet não era dela e que precisava devolver ao dono (um primo), depois disse que o tablet não era dela (de novo) e que eu estava querendo ficar com ele (hã?), depois ela disse que o filho dela brigou com ela por causa do tablet que ele queria. Estão vendo as contradições? Eu sugeri levar na casa dela e ela não aceitou, então depois dela me ofender dizendo que eu queria o tablet, chutei o balde, falei o que precisava ser dito e ela começou a me responder de outra forma, dizendo que nunca fui amigo, que ela precisava de pessoas com atitudes positivas, que a amizade tinha acabado ali (atitudes positivas, eu ser acusado de apropriação indevida e “jogar” na cara dela que tudo foi ideia dela). Depois de muita troca de mensagens, resolvi não ler a última e depois descobri que ela tinha me bloqueado em tudo (redes sociais, whatsapp) e fiz o mesmo para ela sentir quando a raiva passar que desta vez foi sério o que ela fez comigo.

Essa pessoa tem problemas sérios de atitudes impulsivas, só se deu mal na vida por agir primeiro e pensar depois (bem depois mesmo) e não aprendeu nada com os próprios erros. Eu vendo tudo isso preferia fingir que não me atingiria um dia, pois sou um observador, conheço as pessoas ouvindo delas mesmas, tentava explicar para ela que parte dos problemas dela são culpa dela mesma, isso não agradava ela pois sempre me respondia “sou impulsiva mesmo, nunca vou mudar”. Puta que pariu, como que uma mulher de 41 anos tem essa atitude de “nunca vou mudar” quando tudo que ela faz dá errado? Todo mundo precisa mudar. No momento que respondia ela não era tomado por fúria, raiva, não me sentia ofendido, na verdade fui realmente frio com ela e com a situação, não usei palavras baixas, não ataquei ela, simplesmente mostrava o que ela estava fazendo e as respostas dela nada tinham a ver com o que eu escrevia. Preferi jogar fora essa amizade do que me desgastar com a pessoa que não tem nada a me oferecer, pessoa medíocre que não lê livros, não assiste filmes que faça pensar, tudo o que conversávamos eu tinha que explicar detalhadamente pois ela não entendia nada (isso com coisas simples como montar um CV, usar redes sociais), ah, vim para esse mundo para agregar conhecimentos e não ficar somente eu informando e não tendo nada em troca.

Outra situação de merda. No meu aniversário deste ano fomos a uma pizzaria, o clima estava estranho, meus pais com a cara amarrada, minha irmã e seu marido estranho e a minha sobrinha nem veio me cumprimentar (todos aniversário ela fazia uma gracinha, nesse não). Pedimos a pizza e teve um momento que a minha irmã começou a falar dos meus erros, meus fracassos do passado e para piorar justificando os erros da filha como herança genética minha (ridícula). Ela não parava de apontar o dedo para tudo o que fiz de errado, o clima que não estava bom ficou pior e no dia do meu aniversário. Esse fim de semana ela me marcou numa postagem do facebook que denegria a minha imagem e para piorar marcou a nossa mãe como se ela fosse culpada. Não aceitei a marcação, não curti e deixei de lado.

Minha irmã teve uma trombose que, na época era eu quem levava ela para cima e para baixo nos hospitais e clinicas. Quando a minha sobrinha nasceu, ela deixava a filha comigo e/ou nossa mãe para olhar. Alguns anos atrás ela teve trombose de novo, eu levei ela nos hospitais (de novo) e mesmo assim ela não aprendeu nada. Ela é uma contadora que batalhou e conquistou tudo sozinha e isso seria motivo de orgulho próprio, mas não. Sou um cara que trabalha como analista de suporte de TI e que ganha pouco mas que não tem problemas com ninguém, todos que me conhecem gostam de mim. Já no caso da minha irmã, quase ninguém suporta ela, não tem amigas de muitos anos e no trabalho é vista como boa profissional porém ninguém gosta dela como pessoa. Enquanto sou alegre, me divirto com pequenas coisas, faço graça de tudo e levo a vida de acordo com a minha realidade, acho que incomoda ela, enquanto sou quebrado (financeiramente) e ela tem uma condição financeira muito boa, parece que ela tem uma inveja de mim que não entendo e isso é desde muitos anos. Nosso pais sempre foi “secão” conosco, comigo então era demais, com ela ele conversava, dava atenção, comigo dava dinheiro para comprar CDS, cachaça e isso incomodava ela (o “amor” que ela tinha em forma de demonstração do nosso pai não era suficiente e a falta desse “amor” para mim era compensada em coisas materiais). Se reunir umas 10 pessoas e perguntar a opinião deles sobre nós dois te garanto que pelo menos 8 a 9 pessoas vão falar bem de mim enquanto talvez 1 ou 2 falarão bem da minha irmã (como pessoa).

Minha ex esposa, enquanto estávamos juntos, era arrogante, estupida, se achava a vencedora, batia a mão no peito quando se referia as coisas dela (meu apartamento, meu carro, meu notebook, meu isso, meu aquilo) e isso me incomodava muito. Uma pessoa que no primeiro momento era agradável mas quanto mais a conhecia ela se mostrava. A máscara dela não era permanente, apesar que durava muitos anos, mas como o tempo é implacável, a mascara dela caía lentamente. Eu já vi ela humilhando a mãe, o pai, os amigos, menosprezando pessoas que pessoalmente ela gostava mas nas costas falava mal (criticava todos pelas costas). Uma mulher estranha que, mesmo apaixonado por ela na época já enxergava os defeitos perfeitamente, sabia com quem tinha casado e sim, quando acabou sofri muito, mesmo colocando na balança as qualidade e defeitos dela. Por causa dela tive problemas com um amigo e duas amigas de muitos anos, ela com raiva ou sei lá o que, me jogou contras essas pessoas e eu que tem paciência até certo ponto, preferi descartar as amizades e seguir a minha vida em paz e harmoniosamente comigo mesmo.

Não sou o exemplo de pessoa expondo essas três, estou desabafando pois não gosto desse tipo de coisa, não faço mal a ninguém, não humilho, quem me conhece sabe que sou tranquilo e sim, tenho milhares de defeitos mas não deixo que eles sejam maiores que eu mesmo e trate as pessoas mal. Agora tenho menos uma amiga (amiga por conveniência, eu sabia que ela não era de confiança e no passado falou demais para um amigo em comum que depois fiquei sabendo), com menos amigos percebo que a minha própria pessoa já basta em muitas das vezes. Essas três situações são quase cotidianas para mim, tem mais pessoas à minha volta que são medíocres, que se deixarem sobrem em cima e cagam na sua cabeça.

Voltando ao local da minha infância em sonho

Meados dos anos 80 eu era uma criança que tinha a casa dos avós maternos e um tia/tio como minha segunda casa, ambos moravam bem próximo da minha casa e quando aprendi a ir na casa da minha tia/tio a pé, não parei mais até eles venderem a casa. Meu avô, poucos meses antes de falecer vendeu a casa dele e comprou outra num setor mais distante, segundo ele queria ficar perto do filho, foi um “baque” para nós que tínhamos a casa dele como um ponto de encontro de toda família, já meus tios tinham uma casa com espaço enorme para muitos carros (acredito que cabiam uns 15 carros tranquilos na entrada da casa) e a própria casa era super aconchegante, quando eles tiveram que vender por motivo de falta de segurança, foi outro baque para nós que até hoje não consegui superar.

Sonhei que entrei na casa deles, só que numa versão nova, nada lá lembrava como era e estavam comigo a minha tia e primas (filhas dela que residiram na casa) e teve um momento que eu comecei a falar como era a casa antes dessa suposta mudança interna e a minha prima olhou para mim e disse “você ainda lembra”, foi realmente um sonho relativamente bom. De vez em quando faço questão de passar na antiga casa, gosto da rua, das casa, da tranquilidade, foi onde aprendi a andar de bicicleta, só tenho boas recordações.

Já a casa dos meus avós, só sei onde é porque é bem próxima da minha casa e sempre estou passando na porta, mas quando meu avô vendeu, o novo comprador derrubou tudo e construiu um sobrado que de nada lembra a antiga casa. Ainda lembro que a minha avó plantava couve no quintal e eu sempre ia lá e pegava uma folha e comia (adorava), consigo lembrar bem como era, a entrada, sala, quartos, banheiro, cozinha, quintal… a frente da casa era grande, cabiam uns 5 ou mais carros, já o quintal não era tão grande assim, mas lembro de uma parte ser coberto e ter uma mesa onde meu avô jogava baralho com amigos e/ou filhos.

Tive uma boa infância, bons contatos com meus primos, tios, tias, avós, quando era criança não sabia de nada e via a minha família como algo grande, adorava estar em contato com eles. Quando meu avô materno faleceu as coisas já mudaram bastante, a minha avó (viúva) pediu para evitarem todo tipo de reunião na casa dela, queria paz, tranquilidade, casa vazia, o oposto da vontade do meu avô que amava ver a casa cheia, os netos e penso como seria se ele ainda estivesse vivo, de avô para bisavô e tataravô. A minha avô (tataravó) não mudou em nada, continua pedindo para não se reunirem na casa dela e continua pedindo sossego (rsrs).

Desta vez tive um sonho bom, puder voltar ao lugar que mais tenho conexão comigo mesmo, pude, mesmo num sonho fantasioso, recordar do lugar que não esqueço e tenho boas lembranças.

Você está aqui?

11 de Julho de 2018 eu perdia a minha avó paterna para o Alzheimer, mas a perda foi física já que a perda dela mesma ocorreu anos antes e por muito tempo eu evitava o contato com ela que não me ouvia, não entendia a mim e nem ela mesma e fui frio para quando chegasse a hora dela meu sofrimento não fosse tão grande, mas nada disso adiantou, mesmo sem ela por muitos anos e com a morte dela, ainda sim sinto a presença dela em casa, nos meus pensamentos, no meu dia a dia e sinto uma falta sem fim quando preciso dela para conversar, ouvi-la e dividir as angustias.

Quando eu tinha 1 ano de idade fomos morar no mesmo lote da minha avó, meu avô paterno não queria ver seus filhos pagando aluguel sendo que no lote há duas casas, então convivi com a minha avó a minha vida toda, fomos muito unidos, tinha ela como minha segunda mãe. Quando entrei na adolescência, meus pais iam para a fazenda do meu avô e não ia com eles e boa parte que fiquei em casa a minha avó fazia companhia, seja contando casos, histórias ou simplesmente chegava e dizia “ficou só os trouxa em casa”, ela sempre foi assim, tranquila e boa companhia .

Tem dias que penso em ir na casa dela visita-la, mas logo em seguida lembro que ela não está mais aqui, aí bate uma sensação estranha que queria ela aqui.

Perdi o meu avô materno com quase 12 anos, o avô paterno eu já tinha 21 anos e a minha avó paterna com quase 40 anos. Ainda tenho a minha avó materna, ela já tem quase 100 anos, mas a forma dela viver é ter paz, não ter a casa cheia de netos, bisnetos, e mesmo tendo um carinho por ela, confesso que não temos uma proximidade.

Hoje ouvi a voz da minha avó paterna, queria ela aqui, tem dias que é difícil sem ela para conversar. Uma mulher que entendia o tempo atual que não tem nada a ver com tempo dela não é uma simples mulher, ela era alguém atemporal, podia conversar sobre tudo com ela, namoradas, drogas, emprego, anseios e desejos mas também frustrações e sofrimentos, nada era tabu para ela e o tratamento que tive sempre foi o melhor possível.

Sim, sinto muita falta dela, não somente agora, nem hoje mais cedo, mas ontem e continuarei a sentir amanhã.

Como teria sido?

O sonhos mais curto que tive foi algo estranho que, buscando na memória, nunca tive. Não sei quem é você, como que surgiu, mas sei que a sua filha é muito parecida com uma prima minha, apesar de não ser a minha prima (claro), mas o mais estranho foi o sentimento meu pela sua filha, algo paterno, uma vontade de ser o pai dela, de criar ela como se fosse minha também, mas continua sem saber quem é você.

Pensei que fosse a minha namorada, mas não era. Sua filha deveria ter uns 18 anos, alta, morena, olhar sereno e calmo e eu dizia a ti “se casarmos vou registrar sua filha como se fosse minha”, tolices a parte, mas não o sentimento paterno.

Acordei e lembrei desta prima, da qual não tenho contatos, depois tentei lembrar desta mulher, a mãe, mas sem sucesso. Fiquei com a sensação estranha de querer criar esta adolescente, logo eu que não quero, não posso.

Em 2012 a minha ex, que na ocasião era a minha noiva, teve uma gravidez tubária, perdemos o bebê e as chances de termos outro de forma natural (ela perdeu a segunda trompa nesta gravidez) e por alguns anos eu pensava que por um período curto de algumas horas fui quase pai (só descobrimos a gravidez quando a trompa estourou e ela teve que correr para o hospital). Hoje estaria com 7 anos (teria nascido em 2013) e não sei com teria sido.

Então, esta foi a única vez que quis ser pai, quis formar uma família com a minha ex, antes e depois dela o sentimento inexiste. Agora com este sonho, apesar do significado não ser aquele que sonhei, não deixa de mexer comigo. Hoje aos 42 anos não quero ter filhos, mas confesso se tivesse um(a) filho(a) de uns 18 a 20 anos seria interessante.

Como sempre meus sonhos curtem comigo e a minha impotência permanece inalterada diante deles.

Fim

Ontem foi o sepultamento da minha avó paterna e depois de anos na luta contra o Alzheimer, ela descansou.

Minha avó ficou internada por quase 20 dias, sendo metade deles na UTI e por opção minha, não quis visitar ela, além de não me conhecer mais, não queria ter uma lembrança dela mais doente. Sei que foi egoísmo da minha parte, mas viver com ela todos esses anos e ver seu definhamento lento, assistir seu fim no leito de um hospital já era demais para mim.

Relutei muito em vê-la no caixão, não sei o quem estava lá, não conheci o corpo sem vida deitado, coberto de flores e um véu, se não fosse pelo seu nariz, diria que era uma senhora “qualquer” e não a minha avó.

Após o sepultamento, voltei para casa. Lá em casa sempre foi movimentado, seja pela doença da minha avó ou amigos, e ontem o silêncio reinou, a solidão, o vazio. Eu não consegui entender até agora o que se passa dentro de mim, não sinto alivio por ela ter ido, nem dor, não tenho vontade de chorar, sinto um vazio que não consigo ainda entender se é meu mesmo ou preocupação pelo meu pai e minha tia (ela é deficiente mental e não sabe que a mãe morreu).

Quando penso no minha tia, que já vi chorando, é uma dor que não pode ser expressada, ela chora em silêncio, é um sofrimento que dura alguns poucos minutos ou segundos, mas que para mim, doe tanto que prefiro não pensar nisso.

A vida segue agora, a minha família está menor hoje, a minha vida relativamente vazia, perdi não só minha avó paterna, mas minha segunda mãe, uma pessoa que confiava e tinha segurança nela, mas que o Alzheimer me tirou da pior forma, tinha minha avó viva, mas não tinha ela de fato para conversar… quando mais precisei dela, ela não existia há anos.

Esse é um pequeno relato de como estou hoje, não vou usar a palavra “sentindo” pois não sei se sinto algo ou estou anestesiado.